terça-feira, 24 de abril de 2012

sexta-feira, 13 de abril de 2012

"Rios, Pontes e Overdrives"

Um insight - muito provavelmente óbvio - que acabou de me ocorrer...

Já percebeu o quanto acontece de nós convivermos não com as pessoas, mas com projeções que fazemos delas?
Aí você pode perguntar: como assim?

Assim: Convivemos com as pessoas, as conhecemos e conforme as vamos conhecendo, por motivos diversos, pode acontecer de nós acabarmos colocando na relação cargas emocionais que formam algo como uma película sobre a pessoa com a qual nos relacionamos, de modo a não a vermos mais em si, mas a concebê-la através das nossas impressões construídas sobre ela.

Muitas vezes essas impressões podem ser errôneas, ainda que pautadas em fatos observados e experiências realmente vividas. Às vezes vivemos com uma pessoa um recorte dela e a partir desse recorte e - acredito eu - por falta de outros inputs para construção de uma imagem mais completa, caímos numa armadilha metonímica, definindo a pessoa, catalogando-a nos nossos "sistemas relacionais" a partir desse recorte, como se ele fosse o todo, não apenas uma parte, ou ainda mera distorção.

Isso acaba por dificultar ou por vezes impedir o relacionar entre as partes, uma vez que ocorre um mútuo desconsiderar o indivíduo, valorizando as impressões e distorções. Ambas as partes se sentem - mutuamente com razão - desconsideradas, desrespeitadas, não vistas e, ao mesmo tempo e, muito provavelmente, pelo desgaste emocional que essa dinâmica gera, acabam por reforçar cada vez mais fortemente essa "película" de impressões e recortes [e eu quero ressaltar, muitas vezes errôneos] e a usar isso, de certa forma, para agredir a outra parte, no intuito, consciente ou não, de uma retaliação pelos danos causados [uma espécie de "vingança" ou um tentar fazer com que o outro se sinta na nossa pele para que possa compreender nosso lado, nossos sentimentos, nossa posição - um mecanismo que, dentro desse contexto, se mostra extremamente falho e desgastante para ambas as partes]. E no fim das contas existe o enorme risco de não haver mais duas pessoas se relacionando, mas meramente duas películas construídas através do olhar do outro que não reflete com fidelidade o que esse outro de fato é.

Incompreensões, frustrações e desgastes.

Eu me incluo em tudo nessa dinâmica, vítima e algoz, e acho que esse duplo enquadramento deva ser de certo modo geral, comum a várias pessoas, se não todas, de acordo com situações especificamente desfavoráveis ao desenvolvimento de uma relação entre indivíduos, não entre películas.

E agora penso em quais alternativas existem para reverter essa situação...
Como, construídas as películas, desconstruí-las e possibilitar uma relação saudável e verossímil?
Como se fazer entender, se fazer enxergar para além da película criada pelo outro?
Como entender e enxergar além da película criada para o outro?
Como não entrar nessa armadilha e como não colocar o outro nela?

Não busco respostas exógenas.

Só jogo aqui o questionamento...

Pra quem a identificação com o tema for útil, "não tem por onde".

sexta-feira, 6 de abril de 2012

sem ideias [ou necessidade delas] para pôr aqui

Relendo posts antigos e, principalmente, mostrando-os a algumas pessoas, me peguei pensando que eu escrevia muito melhor do que o faço hoje. Não sei dizer ao certo o motivo disso.
Havia, com certeza, muita revolta nos sentimentos que originaram a criação desse blog. Hoje já não sei. Existe revolta? Existe. E existe de uma forma que me parece não deixar de me acompanhar nunca. Mas isso são impressões.
Hoje, porém, uma calmaria...um mar sem ondas, leve, fresco da manhã, de raios de sol pálidos e preguiçosos a se debruçar sobre o véu d'água....

É estranho me sentir assim...calmo. Nada está plenamente resolvido, ainda há muito a se fazer e, com certeza, ainda há muita insatisfação. Mas em meio a tudo isso, essa calmaria...como se tivesse sido dado a mim mesmo o tempo de que talvez eu sempre precisei. Agora ele é meu. Meu para desfrutar sozinho, meu para compartilhá-lo com quem quiser, se eu quiser.

Sem muitas culpas, com bem menos medos. Eu reli os meus textos e senti falta de mim mesmo. Me vi neles, um "eu-puro", primeiro, substancial.

Os textos vomitados me fazem falta. Falam muito de mim, quase como a música arranhada ainda de iniciante nas cordas do violão.

E a falta de sentido aparente também me fazia muita falta.

No fim das contas, o fio aleatoriamente costurado acaba tendo uma forma.

E em meio às formas, a calma.

domingo, 1 de abril de 2012

Explosão
A emoção que explode em cores e sabores
dores e amores
alegrias, tristezas, viéses fugazes que nos acompanham sempre
e sempre
e sempre
e sempre
e sempre

nunca nos deixam, nunca nos abandonam à nossa solidão
a esse solitário viver com nossas emoções
nossas eternas e inseparáveis companheiras

nossas cores
nosso amor

não o dos livros
não o romântico
não o definível

mas o amor vida
que é tudo
é nada
é multi

tantas vertentes
tantas nuances
tudo tanto
e tão poucas divisões

o sentimento é o que nos resta
é o que nos guia
nos completa
nos preenche
nos define

é o que somos
quem somos

nós
nossos sentimentos
multicoloridos
mesmo quando escuros
ou até mesmo ofuscantes

no extremo
no medido
no errante
no certeiro

essa valsa brincalhona que nos leva daqui pra lá
de lá pra cá

entre lágrimas
sorrisos

choros sorridentes
mesmo quando tristes

e choros de dor
mesmo quando alegres

não existe definição
delimitação

o que existe é a vida
e a vida é tudo
e tudo é a vida

nada é deixado de lado
tudo conta

"tudo é caminho"