A ligeira embriaguez debilita o início fluente do texto a ser concebido....mas de todo modo, a reflexão que me trouxe novamente ao branco do texto a ser escrito é: ....
Mas que início mais cretino, hein, seu Chico..?? peço desculpas a você, que lê.
O fato é esse: meios vesrus finalidades, como lidar com essa dinâmica que, se algum dia já foi funcional, hoje eu vejo distorcida e debilitada.
Não estou falando de Maquiavel e seu questionamento sobre a moral ou a ética das ações que levam a determinado objetivo. Não. Mas por que (e é essa a minha questão) existe essa tendência insuportável em nós de nos prendermos aos meios mais que aos nossos objetivos?
Como assim?
Simples (mentira, mas enfim..): a gente traça um objetivo, grandioso ou não, para nossas vidas. Ok. Para esse objetivo se realizar é preciso seguir certos caminhos possíveis, é preciso escolher ao menos um deles. Escolhemos. Parabéns! Eis que surge um caminho aparentemente seguro e certeiro de conseguirmos aquilo que queremos. E o que acontece? Ao longo do trajeto, certos de que o caminho que nós escolhemos - e que normalmente demandou certo empenho para ser escolhido em detrimento dos demais, o que cria uma certa relação de apego potencialmente problemático a ele - é o melhor a se seguir, freqüentemente nós nos apegamos a ele de tal forma, cegos por esse apego, que fazemos da fidelidade ao mesmo uma prioridade sobre o objetivo sob o qual esse trajeto estava submetido! Alguém faz o favor de avisar o tamanho da loucura e da falta de senso, questionamento e reflexão implicada nisso??
Estamos loucos! Vivemos presos em um sistema de relações e valores vazios, sem significância profunda ou duradoura, imersos nesse imediatismo repugnantemente hedonista que nos ilude e nos paralisa na medida em que ele é limitado quando posto à prova quanto à sua significância e intencionalidade. Isso ocorre, em grande parte, por causa desse erro de direcionamento do nosso foco de atenção ativa. Desse apego irracional ao porto seguro oferecido pelo primeiro meio escolhido para atingir a desejada finalidade.
Esse excesso de apego a algo ilusório e secundário. Isso precisa ser combatido com urgência. É preciso duvidar, questionar, refletir, não perder de vista os nossos objetivos e lutar contra o aparente sossego conformista gerado pela segurança da escolha do aparente 'melhor' ou 'verdadeiro' caminho. O caminho é importante, eu sei - e comentei em posts anteriores - mas sua importância não o torna infalível. E isso é bom, evidencia a existência de alternativas, exibe a flexibilidade das possibilidades de se chegar a algum fim. essa flexibilidade é libertadora.
A flexibilidade libertadora se depara com o apego paralisante e limitador. A escolha deveria ser simples, não? Mas o que é esse lado negro da força que nos faz preferir uma terceira perna de apoio à possibilidade do dinamismo de se ter duas pernas para correr livremente, como diria Clarice Lispector? De onde vem esse medo que nos impede de olhar para os nossos objetivos e tomá-los como norte de nossas ações e, ao invés disso, nos atrela ao vicioso costume de apego aos meios pelo qual tal ação deveria ser orquestrada?
Eu não entendo. Me vejo no nefasto cenário que eu pintei, mas não capto completamente sua motivação. Isso me incomoda. Do fundo da minha alma, com todas as minhas forças, isso me incomoda.
Eu proponho um desafio, uma provocação: eu DUVIDO que você, que lê, tenha a audácia de se desprender dos seus meios e viver em prol de seus objetivos puros, moldando seus meios em função dos fins, não fazendo do meio seu próprio fim. Eu duvido. Eu te desafio a tentar. E me desafio por tabela.
E aí, vai encarar?
Os meios são o nosso processo. e tudo é um processo. ou deveria ser..
ResponderExcluiro fato de pularmos isso pela demanda de tempo que nos é manca.. talvez isso nos faz enxergar como perda de tempo, o sentido se perde.. mas o processo em si é realmente mais importante que o objetivo.
aliás sem ele não chegaríamos a tal.
as escolhas são apenas o primeiro passo. mas o caminho não é feito apenas com esses primeiros passos. antes fosse. seria mais fácil, sem sombra de dúvida. consequentemente as responsabilidades mais instantâneas das decisões mais rápidas também.
o que faz sentido não tem lógica. não pensamos mesmo pensando. não tem como fugir dessa coisa grande que engole tudo, como a grande ameba fagocitadora das aulas do Muller..
somos o novo exército, treinado e domesticado. nem nossos desejos são mais nossos. tudo é tão contraditório... e vazio. fato.
"geração coca-cola"(?)
a escolha é simples quando todas as opções já estão dadas. e é o que acontece. por mais que soframos com elas..
a sociedade e o sujeito contemporâneo são caóticos.
afinal.. que objetivos são esses afinal? será que são de fato NOSSOS?
creio que não.
com os pesares da compreensão ao seu texto.. digo que não está só nessa. nessa questão, nesses questionamentos, nesse desespero, incômodo, ânsia.
eu não encaro. porque se fugir ao sistema e tiver que voltar, terá um lugar, mas sofrerá o "castigo", certo?
será que estamos dispostos a perder?
o preço a se pagar pelas "escolhas-ações" é alto, quanto mais se "escolhe" mais alto é o preço.
quanto menos se "escolhe" menor o tombo, o "castigo".
[fato: um post ha²]
ResponderExcluirsó pra constar, te citei na minha apresentação de trabalho ^~
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