As férias mal chegaram ao fim e a minha cabeça já está voltando a funcionar...
Faltando dois dias para o início da labuta eu tive uma tarde interessante que me remeteu a um assunto muito do pertinente nesse blog....
Qual o assunto? Não vou nomeá-lo...sem tópicos frasais nesse texto...isso é um Blog livre, não uma redação da FUVEST...
Enfim...
É muito comum as pessoas confundirem instrução com reflexão. A idéia, pra variar, é bem simples...existem pessoas que acumulam conhecimento, informações, sem ter muita capacidade de processá-las e, assim, criar algo novo...tornam-se meros ventríloquos de grandes nomes da literatura, filosofia, historiografia e similares. E é triste porque normalmente esse tipo de atitude vem com adicionais muito agradáveis como a auto-valorização exacerbada ou a arrogância sobre aqueles que não detém o mesmo arsenal informativo - e que se baseia, principalmente, no princípio do acesso à informação, da segregação intelectual. Aqueles que tiveram acesso ao 'conhecimento' se tornam, nesse ponto de vista, pois, superiores aos pobres coitados ignorantes que, na visão dos 'detentores do saber', tornam-se inferiores por desconhecer fatos, citações e autores.
Desse pensamento surge outro, mais perigoso: a ilusão de que os excluídos de alguma das fontes do saber serem também incapazes de elaborar raciocínios lógicos, questionamentos, reflexões. Essa conecepção agrava ainda mais o abismo de desigualdade intelectual na medida em que, por serem normalmente reis da prolixidade e da retórica, os papagaios intelectuais utilizam essas armas para garantir seu lugar no trono do saber e os outros, ignorantes, reduzidos a meros limpadores de valas. Os forçosos operários, na falta das mesmas armas que seus 'superiores', acabam por se intimidar e entram no personagem, entram no jogo perverso da divisão de castas intelectuais e nelas se estabelecem.
Além disso, cria-se a ilusão, entre os Homo superioris, da infalibilidade das fontes do seu saber. Eles, tão orgulhosos da auto-denominação de 'homens da ciência' acabam por pecar da mesma forma que seus criticados irmãos religiosos: se atém à autoridade da aceitação de um discurso para justificar seu fanatismo. Nesse ponto eles cometem seu maior erro e sua maior falta. Perdem todo o crédito e traem seus ídolos ao tornarem-se ovelhas, mero rebanho de pastores renomados, que ainda assim, permanecem ovelhas. O conhecimento, sem questionamento, torna-se vazio.
Eu, particularmente, acho muito mais valorizável a capacidade 'pura' de raciocínio com o mínimo de interferência externa do que o entediante repeteco de idéias e pensamentos já estudados, vistos e revistos ao longo dos séculos da história do conhecimento humano. Nada se produz, apenas repete-se o que já foi dito como original. E não é. É apenas a repetição da repetição. "A copy of a copy of a copy".
Certa vez uma amiga me disse, com grande receio de me ofender, que me achava muito inteligente, porém não me achava nem um pouco culto. De fato. Eu nunca li nenhum grande autor de nada fora os que a medicina me obriga. Mas e aí, isso me torna inferior? Ao meu ver, me torna apenas preguiçoso, talvez um tanto revoltado...Em parte o que me afasta de tais leituras é justamente essa rebeldia adolescente de tentar sempre pensar com o mínimo de influências....É o desejo de ouvir uma idéia e questioná-la a partir das minhas próprias, e não dar uma resposta do tipo "Não, segundo fulano isso que você disse está errado, porque no livro tal ele fala isso, isso e isso, que vai contra o que você diz". Esse raciocínio não avalia a idéia em si, mas seu emissor. E uma discussão é, ou deveria ser ao meu ver, um embate de idéias, não de bibliografias.
É preciso nos atermos ao que realmente importa...
Caso contrário, perdemo-nos naquilo que tentamos construir para nos encontrarmos: nossa capacidade de pensar.
Pense nisso.
eu li um trecho desse texto
ResponderExcluirachei engraçado lembrar de mim
porque que adianta também
uma pessoa ler um monte e não ter uma memória boa? hahaha
não dá na mesma?