sexta-feira, 29 de julho de 2011

caixapreta

Assim, condensado mesmo. Essa coisa assustadora...esse "souvenir" desagradável e inevitável. Aquilo ao qual não temos acesso. E, ainda mais desesperador, aquilo ao qual não devemos ou não podemos ter acesso. Essa caixa preta de pandora....

De lá tudo pode sair. Sem saber seu conteúdo, potencialmente, tudo mesmo. E como saber? Como saber se de lá não sairão monstros, armadilhas, espinhos, tiros e facas? E se dentro desse abismo se formarem criaturas abissais sem controle que podem nos devorar ou nos destruir?

Como não saber?

O desconhecido é, de fato, assustador. Assusta porque escorre, foge do nosso alcance, da nossa visão, da nossa capacidade de apreensão. Esse sistema com mais variáveis do que equações. Essa iminente certeza de haver aquelas letrinhas às quais podem ser atribuídas quaisquer valores, favoráveis ou não. O certeiro medo de, no nosso inseparável pessimismo temoroso, todas as incógnitas um dia se revelarem inimigas, traiçoeiras.

É a doença que gera a doença. É a tentativa de cura cravada de ébanos iatrogênicos. É gerar o veneno através do antídoto.

De todos os venenos, o medo.

O escuro medo do abissal desconhecido.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Alexitimia

Tanta coisa para dizer
Tudo pára na garganta

as palavras não se formam
quando formam, não saem
temem a luz de fora
temem o ouvido alheio
temem se perder ao vento
e não retornar inteiras....

E o copo?

A pergunta que não quer calar: meio cheio ou meio vazio....?

somos incompletos ou apenas parcialmente ricos?

Eu sempre costumava responder à pergunta do copo pensando na condição anterior: se o copo estava vazio e foi cheio até a metade, estava metade cheio, se estivesse inteiramente cheio e fora esvaziado até a metade ,metade vazio.Simples assim...

Se for pensar desse ponto de vista, estamos metade cheios...


Será?

ô duvida féladaputa!!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Aprender o outro

Mais que compreensão, mais que aceitação, mais que cumplicidade. O relacionar-se, para dar certo, tem que passar pelo aprendizado sobre o outro.

Aprender o outro não é saber tudo sobre ele para poder manipulá-lo ao nosso bel prazer. Aprender o outro é algo irmão da compreensão. É conhecê-lo bem, é um saber lidar. É entender-lhe as limitações para reconhecer nos pequenos feitos, grandes sacrifícios. É saber chegar quando o outro não pode vir, mesmo querendo - e mesmo negando ambos.

Para aprender o outro é preciso olhá-lo por cima dos nossos julgamentos. É entender, em cada ação dele, sua origem e sua consequência para ele mesmo.

Aprender o outro é saber suas expectativas e suas frustrações. É, sabendo onde dói no outro, não ferí-lo, mas oferecer abrigo.

Aprender o outro é respeitá-lo, sendo sincero. E ser sincero, não frio. É recebê-lo sabendo o que diz por detrás das palavras. É entender suas causas, seus porquês. É reconhecer o outro e seus esforços.

Aprender o outro é enxergar beleza. Nos acertos E nos erros. Em sua superfície e em suas profundezas.

Aprender o outro é correr atrás, quando necessário. Mesmo que o outro não saiba ainda o quão necessária é essa corrida.

Aprender o outro é ser cúmplice. Não do crime, nem do sucesso, mas de sua história, de sua vida. É ser-lhe testemunha, sem ser-lhe promotor.

Aprender o outro é saber conversar, saber sua língua.

É vê-lo, compreendê-lo, aceitá-lo.

Aprender o outro é buscá-lo, quando mais o evitam.

É saber do seu riso, a luz.

E de suas lágrimas, a fonte.

Aprender o outro é, sobretudo, assumí-lo.

E assim, amá-lo.