Tentou se distrair..buscou no dia tudo o que dele podia ser colhido
de tudo, colheu abraços, lágrimas, ouvidos palavras
e dor
muita dor
o amanhecer lhe arrancava a vida do peito, lhe arrancava tudo na certeza da dor que viria lhe dilacerar, todos os dias
o corpo
o peito
a alma
sabia que seriam o amanhecer e o fim do dia. Sabia que seriam seus melhores aliados...seus mais frios algozes.....os momentos em que as distrações sessariam...a fuga sessaria....e tudo o que lhe restava era se deparar com a ausência....a ausência de si somada à ausência do outro....
O quarto enfim de portas abertas parecia-lhe imenso diante da ausência de sua convidada favorita....que não voltaria...que viveria outras coisas, outras vidas, outros amores, não mais o seu...
temia pelo "nunca mais"
temia a morte
a finitude irreversível
se recusava a ela
e às possibilidades
não queria alternativas
não queria dor
não queria outras
outro amor
queria apenas que tivesse dado certo
queria seu pior não ser pior que o alheio
queria muito
queria tudo
sobretudo, não queria a dor
queria despertar
como se de um pesadelo horrível
que ele sabia...era sua mais pura e nova realidade
a invariável viagem sem volta rumo ao vazio
o que encontraria lá dentro? Nunca quis saber, na verdade...
Não existe mais opção
Não existe mais volta
Sua sorte estava enfim lançada
Sem saber mais do futuro
Sabia apenas a funesta dor do agora
a dor do não
o não do outro.
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