terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vórtice

Ódio


Sem qualquer motivo aparente ele vem. E sem outro a culpar eu culpo o cansaço. Ou o tédio? Ou talvez a sensação de não-rendimento adequado em relação às próprias expectativas. Ou que sabe de todas as cores, o branco? Enfim, ódio!


Quando a realidade ganha cheiro de sonho de expectador distante, onde tudo são zumbidos, o mercado de peixe de que se queixava a professorinha do fundamental em dia de muita conversa em sala de aula. Aquele zum-zum-zum irritante e desconexo aos ouvidos dos alheios aos microassuntos por muitas vezes vazios de sentido ou intenção, mas que ainda assim enchem seus interlocutores de interesse e suas vazias mentes simplórias de pó. De nada. E o coração dos terceiros de ódio, intolerância.


O ódio surge da intolerância ou este se origina daquele? [o ovo ou a galinha?]


A intolerância com o outro, consigo mesmo, com o meio externo. A intolerância com o próprio mundo interno, com o excesso de crítica de si para o mundo, do mundo para si, de si em si, com a irritante insistência em tocar a mesma nota fúnebre, esganiçada, estridente, persistente e intolerante. Esse ciclo vicioso, pantanoso, de aprisionamento desconexo do ser num mundo de absolutos, inflexível.


Ah a inflexibilidade paralisante [do ódio, da intolerância, do tédio, de além]! Essa inércia destrutiva e intrasponível, impossibilitadora, castrativa; essa colabagem de intenções vazias sobre o potencial criativo. O criativo castrado no cláustro das próprias impossibilidades, dos pessimimos, do ódio.


E torna a ele. Do ódio ao ódio. Do pó ao pó. E entre um pó e outro, o entusiasmo mágico da criação!


A criação de mais um regurgito desconexo. Do qual retorno ao pó e os aguardo na próxima desinércia!


E na inércia do fim deixo-o não dito!

2 comentários:

  1. me senti no ciclo do "eterno retorno" lendo esse texto, mas tudo bem.
    isso sem pensar na espiral e sim como o círculo fechado mesmo haha

    enfim..
    acho que é bom dormir um pouco mais e comprar um mp3 ^^

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  2. justificativa: porque abstrair certas partes da vida é mais que saudável!

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