Soltar-se e sentir-se inteiro
Se deixar levar
solto no mar
na brisa, o leve flutuar das almas
viver no corpo a intensidade da sensação
o som da cor da pele úmida
o frenético pulsar da vida em nossas veias
um 'tum' que chama outro
o meu chama o seu
o dele, chama o dela
e os corpos se somam
e as almas se unem
os pares
vários seres unos em suas dualidades
"o contra
o encontro
a contração"
Esse crescente envolver que une os corpos
comunga as almas
nos torna imersos nesse fluido universal de fluidos humanos
suores
sabores
olhares
A sintonia da união
A soltura da explosão
em voltas sincrônicas
descompassos ritmados
na harmônica dissonância dos nossos movimentos
nossa natureza
nosso ser selvagem
nossa humanidade
sábado, 26 de março de 2011
segunda-feira, 21 de março de 2011
E quando o hidrante não fecha? E quando a enxurrada não cessa? Quando todo o ÓDIO, toda a revolta, por mais que botemos pra fora, não se esvai, não diminui, não alivia?
Perdido na solidão do mundo. Na tristeza de ver a própria cegueira e sentir esse mundo.
Esse mundo sozinho
Esse mundo que chora
Esse mundo de braços pro alto pedindo clemência
Essa criança que pede colo, sem forças, sem pranto
O rosto idoso de lágrimas secas sobre os olhos da criança que não morreu, míngua.
"(...) senti meus olhos vermelhos, queimando...de ódio, de revolta...inconformado...nem as lágrimas conseguiram sair....o que nos olhos queimava eu mordia nos dentes...uma vontade incontrolável de gritar...."
Os olhos ainda queimam, as lágrimas ainda presas e os dentes, mordidos. O grito silenciado como no sonho que não chega ao fim, que desperta no silêncio do dia.
Silêncio
Silêncio
Silencio
"There hay no banda!"
apenas esse silêncio omisso da angústia que não sara, que não vara, que não se separa...
toda a aglutinação desse aperto que prende, sufoca...
E fica...
"Silenzio"
...
Perdido na solidão do mundo. Na tristeza de ver a própria cegueira e sentir esse mundo.
Esse mundo sozinho
Esse mundo que chora
Esse mundo de braços pro alto pedindo clemência
Essa criança que pede colo, sem forças, sem pranto
O rosto idoso de lágrimas secas sobre os olhos da criança que não morreu, míngua.
"(...) senti meus olhos vermelhos, queimando...de ódio, de revolta...inconformado...nem as lágrimas conseguiram sair....o que nos olhos queimava eu mordia nos dentes...uma vontade incontrolável de gritar...."
Os olhos ainda queimam, as lágrimas ainda presas e os dentes, mordidos. O grito silenciado como no sonho que não chega ao fim, que desperta no silêncio do dia.
Silêncio
Silêncio
Silencio
"There hay no banda!"
apenas esse silêncio omisso da angústia que não sara, que não vara, que não se separa...
toda a aglutinação desse aperto que prende, sufoca...
E fica...
"Silenzio"
...
de ser do mundo
Angústia.
Esse gosto dolorido e pesado no peito...
Que fica...finge que some, volta, ressoa...não abandona
Um mal estar, de uma sonolência amarga de ÓDIO...
O vômito contido na garganta
Essa vontade de não sei
Vontade de...
RAIVA, muita raiva!
Uma revolta sem nome, sem forma, sem cheiro e sem cor
A explosão do silêncio...
estoura e silencia
e some
e nada...
a sensação do vazio cheio de dor...de peso, de tudo!
Esse estado putrefato da nossa condição...esse jogo de vaidade vazia e desgovernada, sem sentido, sem fundamento...
Tentando, a todo tempo, preencher esse abismo cavado.
Ridículo...
Vergonhoso
Nessas horas eu tenho nojo
esse sentir repulsivo o mundo que se esconde por trás de todo o pó...
Escondem a riqueza da dor...
o que nos faz tão nós
tão nossos
e nos dissociamos de nós mesmos
fugimos
e perdemos nossa mágica
Esse gosto dolorido e pesado no peito...
Que fica...finge que some, volta, ressoa...não abandona
Um mal estar, de uma sonolência amarga de ÓDIO...
O vômito contido na garganta
Essa vontade de não sei
Vontade de...
RAIVA, muita raiva!
Uma revolta sem nome, sem forma, sem cheiro e sem cor
A explosão do silêncio...
estoura e silencia
e some
e nada...
a sensação do vazio cheio de dor...de peso, de tudo!
Esse estado putrefato da nossa condição...esse jogo de vaidade vazia e desgovernada, sem sentido, sem fundamento...
Tentando, a todo tempo, preencher esse abismo cavado.
Ridículo...
Vergonhoso
Nessas horas eu tenho nojo
esse sentir repulsivo o mundo que se esconde por trás de todo o pó...
Escondem a riqueza da dor...
o que nos faz tão nós
tão nossos
e nos dissociamos de nós mesmos
fugimos
e perdemos nossa mágica
Cegueira
O que é que há de errado com o mundo??
Não, sério, alguém poderia me explicar, por favor, QUE PORRA É ESSA???!!!
Eu não sei se é coerente dizer 'o que está acontecendo com o mundo', por que eu nem sei afirmar completamente se essa falta generalizada de sensibilidade, de olhar, é recente ou se sempre existiu!
As pessoas param, ou pararam, eu não sei, de olhar. Não olham mais nada. As vezes olham, mas não vêem. Cegos, completamente cegos! Não olham em volta, não olham o outro e, principalmente, não olham nem para si mesmos. Não se dão ao luxo de mergulhar no seu abismo interior. Ignoram a própria complexibilidade e, por extensão, a complexibilidade do mundo, dos outros, do ser humano, de ser humano.
Hoje fizemos nossa primeira visita oficial ao HU. Foi a apresentação do hospital a nós, estudantes. Eu já conhecia o lugar, tive outras experiências que acabaram me levando lá dentro. Grupos menores, olhares diferentes. Todas as vezes que havia entrado lá, eu estava, direta ou indiretamente, orientado a olhar as pessoas dentro do hospital muito mais do que o espaço físico em si. Afinal, para que serve um hospital se não para servir às pessoas?
E dessa vez? Na oficialidade, fomos apresentados ao HU, ao HOSPITAL. E os pacientes? E as pessoas? Eram meros vasos. Peças decorativas de um circo de horrores que nos servirá de base de APRENDIZADO E CONDUTA como estudantes, como médicos, como seres humanos.
Parabéns, instituição! Mais um passo rumo à consolidação da nossa reificação. Nossa e do mundo à nossa volta!
Paramos de olhar as pessoas. PESSOAS. Não são cães, não são peças de decoração, são pessoas. Com histórias, angústias, medos, frustrações, alegrias, esperanças, expectativas. Potenciais imensos de interação. TODOS ignorados. Todos...
Doentes. Tratados como doentes. Servindo de molde para o nosso próprio adoecimento, nossa própria cegueira, nossa própria ignorância, nossa morte como seres humanos.
Ninguém vê. Ninguém percebe. Ninguém questiona.
Nos reduzimos a esse mero gado cego.
CEGO!
Nos negamos à nossa sensibilidade. Nossa humanidade.
Matamo-nos aos poucos...
Esse suicídio coletivo.
Esse sepulcro do mundo.
Muito ÓDIO!
Essa revolta...essa impotência
NINGUÉM!
Mas dessa vez, sem a sensação libertadora.
Apenas o vazio de não ser o que nascemos: HUMANOS
...
Não, sério, alguém poderia me explicar, por favor, QUE PORRA É ESSA???!!!
Eu não sei se é coerente dizer 'o que está acontecendo com o mundo', por que eu nem sei afirmar completamente se essa falta generalizada de sensibilidade, de olhar, é recente ou se sempre existiu!
As pessoas param, ou pararam, eu não sei, de olhar. Não olham mais nada. As vezes olham, mas não vêem. Cegos, completamente cegos! Não olham em volta, não olham o outro e, principalmente, não olham nem para si mesmos. Não se dão ao luxo de mergulhar no seu abismo interior. Ignoram a própria complexibilidade e, por extensão, a complexibilidade do mundo, dos outros, do ser humano, de ser humano.
Hoje fizemos nossa primeira visita oficial ao HU. Foi a apresentação do hospital a nós, estudantes. Eu já conhecia o lugar, tive outras experiências que acabaram me levando lá dentro. Grupos menores, olhares diferentes. Todas as vezes que havia entrado lá, eu estava, direta ou indiretamente, orientado a olhar as pessoas dentro do hospital muito mais do que o espaço físico em si. Afinal, para que serve um hospital se não para servir às pessoas?
E dessa vez? Na oficialidade, fomos apresentados ao HU, ao HOSPITAL. E os pacientes? E as pessoas? Eram meros vasos. Peças decorativas de um circo de horrores que nos servirá de base de APRENDIZADO E CONDUTA como estudantes, como médicos, como seres humanos.
Parabéns, instituição! Mais um passo rumo à consolidação da nossa reificação. Nossa e do mundo à nossa volta!
Paramos de olhar as pessoas. PESSOAS. Não são cães, não são peças de decoração, são pessoas. Com histórias, angústias, medos, frustrações, alegrias, esperanças, expectativas. Potenciais imensos de interação. TODOS ignorados. Todos...
Doentes. Tratados como doentes. Servindo de molde para o nosso próprio adoecimento, nossa própria cegueira, nossa própria ignorância, nossa morte como seres humanos.
Ninguém vê. Ninguém percebe. Ninguém questiona.
Nos reduzimos a esse mero gado cego.
CEGO!
Nos negamos à nossa sensibilidade. Nossa humanidade.
Matamo-nos aos poucos...
Esse suicídio coletivo.
Esse sepulcro do mundo.
Muito ÓDIO!
Essa revolta...essa impotência
NINGUÉM!
Mas dessa vez, sem a sensação libertadora.
Apenas o vazio de não ser o que nascemos: HUMANOS
...
segunda-feira, 14 de março de 2011
Ridículo
Precisava escrever...preciso escrever
E de fato esse blog é uma grande panacéia para mim...minha esponja de crises.
Crises...sempre elas..sempre constantes...na verdade não constantes, oscilantes..mas sempre ali, na espreita...
Uma vez um grande professor de literatura disse que o ideograma chinês para 'caos' era o mesmo para 'transformação/renovação'..ou algo parecido....não lembro direito se era mesmo 'caos' ou 'crise'....mas a idéia é mais ou menos a mesma..ou pelo menos muito próxima....não sei nem se isso é verdade, nunca fui verificar a procedência. Mas mesmo que não seja, a idéia é bonita, humana, coerente.
Enfim....
O fato é que estou em mais uma das minhas inúmeras crises....e refletindo sobre ela percebo uma certa atração por esse estado conflituoso de espírito...hoje eu me peguei pensando 'puta merda, mas eu não consigo ficar muito tempo tranqüilo que logo vem outra crise e outra e outra...queria paz' mas logo na seqüência percebi que era tudo balela....que paz que nada, eu gosto da crise, gosto do caos, da perturbação, da turbulência, do barulho, da bagunça - vide meu quarto, que por mais que eu insista em tentar arrumar, sempre tende rapidamente ao intransitável caos - Ela me propulsiona para frente, me tira do chão, me perturba, me tira da inércia, me põe em movimento.
Certa vez uma grande amiga e colega de cursinho me disse, sobre desorganização, que 'a disciplina e a organização tolhem a criatividade do ser humano' achei aquilo lindo - muito provavelmente por me identificar com a incapacidade dela de manter um certo grau de ordem e disciplina na própria vida....é..acho que eu não serviria para o pensamento militar/positivista MESMO...ainda bem! - por que atrela ao humano [a criatividade] algo ainda mais humano [o caos, a desordem]...como se o que fosse natural o fosse inevitavelmente...e para mim não há nada que seja mais belo que o natural, o manual...vide o endereço desse mesmo blog...
Mas digressões à parte, na verdade o que me fez vir aqui e o que me põe em crise foi a compreensão de uma idéia compartilhada comigo por um grande amigo-mestre certa vez enquando debatíamos sobre o temor da morte. Ele relatava não temê-la por achar desprezível a condição humana...quando o questionei sobre qual condição ele se referia, me disse ser a de nos enganarmos constantemente e nos afastarmos do que realmente somos, escondendo-nos por trás de artifícios, máscaras, para tentar criarmos para nós mesmos uma imagem ilusória e, por isso mesmo, desprezível. Minha crise tem por pano de fundo essa desprezível condição humana...esse se prender a valores banais de retorno imediatista e superficial...esse orgulho, essa tentativa de manutenção da auto-imagem como algo grandioso.
A crise na qual mergulhei veio ao me sentir pequeno. Extremamente pequeno, diminuído. E essa sensação veio por uma real diminuição provocada por mim mesmo. Um certo desleixo, uma espécie de preguiça, que na verdade não o é, é falta de motivação. A ingenuidade de tentar encontrar motivação para o crescimento fora de mim...Isso no fim das contas não existe. Toda a motivação de que conseguimos usufruir está dentro de nós mesmos. Os elementos externos apenas a desperta - quando ela existe.
É aquele diacho de "Seríamos muito melhores, se não quiséssemos ser tão bons". Essa necessidade babaca de tentarmos provar para nós mesmos e a todo instante nossa própria 'grandiosidade'. Essa carência auto-afirmativa que nos põe ridículos, pequenos por valorizar algo tão ínfimo quanto nossa imagem - mesmo que seja nossa auto-imagem - nosso PARECER e deixarmos em segundo plano o nosso SER.
Hoje eu me apresento aqui de joelhos, humilhado por mim mesmo, por minhas próprias metas, por minhas próprias cobranças. Pequeno.Derrotado. "Um cisco". Reduzido à minha insignificância. Que é. Não há nada de tão grandioso em nós mesmos que seja maior que nossa própria pequenez.
Ínfimos. Meros instrumentos. Soltos aos sopros errantes do vento. Presos em nós mesmos pela ilusão de controle. De domínio. Não há controle pois não há o real objeto a ser controlado. Não podemos conter o que tem vida própria.
Somos limitados.
Não há grande vitória, apenas nosso grande troféu esculpido em batatas.
Sem imperativos nesse fim de texto. Sem "precisamos....". Não tenho essa autoridade.
Não sou ninguém.
Preciso absorver essa idéia.
Pois ser ninguém, liberta!
E de fato esse blog é uma grande panacéia para mim...minha esponja de crises.
Crises...sempre elas..sempre constantes...na verdade não constantes, oscilantes..mas sempre ali, na espreita...
Uma vez um grande professor de literatura disse que o ideograma chinês para 'caos' era o mesmo para 'transformação/renovação'..ou algo parecido....não lembro direito se era mesmo 'caos' ou 'crise'....mas a idéia é mais ou menos a mesma..ou pelo menos muito próxima....não sei nem se isso é verdade, nunca fui verificar a procedência. Mas mesmo que não seja, a idéia é bonita, humana, coerente.
Enfim....
O fato é que estou em mais uma das minhas inúmeras crises....e refletindo sobre ela percebo uma certa atração por esse estado conflituoso de espírito...hoje eu me peguei pensando 'puta merda, mas eu não consigo ficar muito tempo tranqüilo que logo vem outra crise e outra e outra...queria paz' mas logo na seqüência percebi que era tudo balela....que paz que nada, eu gosto da crise, gosto do caos, da perturbação, da turbulência, do barulho, da bagunça - vide meu quarto, que por mais que eu insista em tentar arrumar, sempre tende rapidamente ao intransitável caos - Ela me propulsiona para frente, me tira do chão, me perturba, me tira da inércia, me põe em movimento.
Certa vez uma grande amiga e colega de cursinho me disse, sobre desorganização, que 'a disciplina e a organização tolhem a criatividade do ser humano' achei aquilo lindo - muito provavelmente por me identificar com a incapacidade dela de manter um certo grau de ordem e disciplina na própria vida....é..acho que eu não serviria para o pensamento militar/positivista MESMO...ainda bem! - por que atrela ao humano [a criatividade] algo ainda mais humano [o caos, a desordem]...como se o que fosse natural o fosse inevitavelmente...e para mim não há nada que seja mais belo que o natural, o manual...vide o endereço desse mesmo blog...
Mas digressões à parte, na verdade o que me fez vir aqui e o que me põe em crise foi a compreensão de uma idéia compartilhada comigo por um grande amigo-mestre certa vez enquando debatíamos sobre o temor da morte. Ele relatava não temê-la por achar desprezível a condição humana...quando o questionei sobre qual condição ele se referia, me disse ser a de nos enganarmos constantemente e nos afastarmos do que realmente somos, escondendo-nos por trás de artifícios, máscaras, para tentar criarmos para nós mesmos uma imagem ilusória e, por isso mesmo, desprezível. Minha crise tem por pano de fundo essa desprezível condição humana...esse se prender a valores banais de retorno imediatista e superficial...esse orgulho, essa tentativa de manutenção da auto-imagem como algo grandioso.
A crise na qual mergulhei veio ao me sentir pequeno. Extremamente pequeno, diminuído. E essa sensação veio por uma real diminuição provocada por mim mesmo. Um certo desleixo, uma espécie de preguiça, que na verdade não o é, é falta de motivação. A ingenuidade de tentar encontrar motivação para o crescimento fora de mim...Isso no fim das contas não existe. Toda a motivação de que conseguimos usufruir está dentro de nós mesmos. Os elementos externos apenas a desperta - quando ela existe.
É aquele diacho de "Seríamos muito melhores, se não quiséssemos ser tão bons". Essa necessidade babaca de tentarmos provar para nós mesmos e a todo instante nossa própria 'grandiosidade'. Essa carência auto-afirmativa que nos põe ridículos, pequenos por valorizar algo tão ínfimo quanto nossa imagem - mesmo que seja nossa auto-imagem - nosso PARECER e deixarmos em segundo plano o nosso SER.
Hoje eu me apresento aqui de joelhos, humilhado por mim mesmo, por minhas próprias metas, por minhas próprias cobranças. Pequeno.Derrotado. "Um cisco". Reduzido à minha insignificância. Que é. Não há nada de tão grandioso em nós mesmos que seja maior que nossa própria pequenez.
Ínfimos. Meros instrumentos. Soltos aos sopros errantes do vento. Presos em nós mesmos pela ilusão de controle. De domínio. Não há controle pois não há o real objeto a ser controlado. Não podemos conter o que tem vida própria.
Somos limitados.
Não há grande vitória, apenas nosso grande troféu esculpido em batatas.
Sem imperativos nesse fim de texto. Sem "precisamos....". Não tenho essa autoridade.
Não sou ninguém.
Preciso absorver essa idéia.
Pois ser ninguém, liberta!
domingo, 13 de março de 2011
...
Sem qualquer explicação
Sem necessária motivação
Abandonemos o necessário [a vontade sempre nos foi muito mais prazerosa]
Venho aqui pela simples vontade de ser, de estar, de confidenciar no silêncio toda uma vida
de dúvidas, alegrias, lamúrias, festejos, lágrimas, sorrisos, sangue, sal e água
e não são todas assim? Todas essas nossas vidas severinas
Abusadas, arrancadas....de uma beleza melancólica...
que apesar de triste,
Bela
Igualmente pelo riso ou pelo choro
Sempre pela Emoção
que me traz aqui....me faz pensar em poesia, me faz tentar um poema, que não sai, proseia
inventa
Serpenteia no estilo para tentar mostrar o que à palavra escapa
A emoção oculta entre uma letra e outra
E o que é a vida senão essa emoção de hiato entre um e outro silêncio?
Aquele instante que precede o choro, que antecipa o riso
O início do dilatar os olhos para ver,
para a vida
Aquele segundo incontável, liso
que escorrega
escorre
rodopia e samba numa fração de segundos
Assim nos é a vida...lisa, errante, incerta, marítima
e por assim, sê-lo
dentro de cada alegria ou cada dor,
De-li-ci-o-sa
Sem necessária motivação
Abandonemos o necessário [a vontade sempre nos foi muito mais prazerosa]
Venho aqui pela simples vontade de ser, de estar, de confidenciar no silêncio toda uma vida
de dúvidas, alegrias, lamúrias, festejos, lágrimas, sorrisos, sangue, sal e água
e não são todas assim? Todas essas nossas vidas severinas
Abusadas, arrancadas....de uma beleza melancólica...
que apesar de triste,
Bela
Igualmente pelo riso ou pelo choro
Sempre pela Emoção
que me traz aqui....me faz pensar em poesia, me faz tentar um poema, que não sai, proseia
inventa
Serpenteia no estilo para tentar mostrar o que à palavra escapa
A emoção oculta entre uma letra e outra
E o que é a vida senão essa emoção de hiato entre um e outro silêncio?
Aquele instante que precede o choro, que antecipa o riso
O início do dilatar os olhos para ver,
para a vida
Aquele segundo incontável, liso
que escorrega
escorre
rodopia e samba numa fração de segundos
Assim nos é a vida...lisa, errante, incerta, marítima
e por assim, sê-lo
dentro de cada alegria ou cada dor,
De-li-ci-o-sa
Ser Intruso [ou da sucessão de lutos]
Confessei há alguns dias numa conversa excepcional algo que, apesar de sê-lo desde sempre, tornou-se verdade para mim há muito pouco tempo...
Para os que já assistiram 'Antes do Amanhecer' [e para os que não o viram, vejam, nem que seja só pra conhecer], o protagonista diz algo que ressoa muito dentro de mim. Essa idéia de se sentir um intruso na vida, como o penetra em uma festa. Ele relata se sentir assim com relação à vida e isso o liberta, pois sendo um intruso, ele se sente livre do protocolo. Trocando em miúdos chulos: fudido, fudido e meio.
Mas fora a noção de liberdade para ser o que vier fora dos moldes por não estar inserido na 'festa', a sensação de intruso é algo que merece uma considerável reflexão...
Apesar dessa idéia de sermos protagonistas de nossas próprias vidas, por vezes nos sentimos nela meros coadjuvantes, secundários, não pertencentes, quase intrusos. Isso nos fere o orgulho e pode trazer muito sofrimento. O sofrimento maior, contudo, vem da insistência em negarmos quando um lugar por nós ocupado não é nosso de fato. Pode ser de outros, ou mesmo de ninguém. Independente disso, contudo, por vezes não é nosso. E quando não o é, não há muito a ser feito. Basta aceitar, se conformar. E conformismo é algo que dói, pois nos passa a impressão de estarmos traindo algum ideal, o conformismo faz nos vermos como desertores, desistentes, fracos. No entanto, o momento em que precisamos de mais força é esse, quando nos vemos numa situação em que, de fato, fazemos o papel daquele que apenas esquenta o banco enquanto o titular não entra em campo para assumir o lugar que é dele e não nosso. Estar nessa condição de 'aquecer o banco' é passível de negação. É uma questão de escolha. Nós percebemos, na maioria das vezes, quando o lugar não é nosso, quando nos damos o direito a um mínimo de auto-honestidade para aceitarmos tal fato, ao invés de tentar negar e nos cegarmos para a realidade, por ser essa demasiadamente dolorosa. De todo modo, entretanto, podemos, ao nos darmos conta dessa condição de intrusos, nos negarmos a ela e abandonarmos o jogo.
Ser intruso dói. Nos sentimos abandonados, solitários, deslocados, sem chão, sem teto, sem colo, sem vida. Encarar essa cascata de sensações de abandono nos apavora. Muitas vezes por esse pavor criamos mecanismos de negação e nos iludimos, criamos castelos de fantasia de um mundo que não nos pertence. O que normalmente ignoramos é o fato de haver um mundo ao qual pertencemos, mesmo que o fantasioso por nós criado não nos seja viável. Ao nos prendermos a essas ilusões, nesses bancos de reserva, nesse lugar que não é nosso, perdemos a chance de descobrirmos o nosso real lugar, de sermos plenos, titulares, de vivermos de fato algo que possamos chamar 'real', nosso, próprio.
É difícil, eu sei, quando nos enredamos numa situação ou numa relação na qual nos envolvemos de tal modo que parece difícil e por vezes impossível acreditar na possibilidade daquele não ser nosso lugar. De, apesar de intenso e aparentemente completo, sermos, naquela situação, meramente passageiros. De cumprimos nosso papel, mas o nosso papel de fato não ser lá. E esse papel ser, quiçá, de outro.
Mas como dizia um grande professor, mestre, a quem muito devo, do ensino médio, "A vida não é fácil". Ou ainda citando nosso digníssimo vilão da infância, Scar, "A vida não é justa, não é mesmo?"
Diante do maior tombo, é preciso força para nos levantarmos...
E o que é a vida senão essa seqüência de tombos? Uma constante convocação a nos levantarmos?
E só encontramos nosso lugar na vida se estivermos de pé para procurá-lo.
Ele deve existir. Nisso até eu tenho fé.
Nos resta coragem para continuar procurando...
E nos arriscarmos a esquentar alguns bancos no meio do caminho, se assim o for.
Com uma boa dose de sorte, nos descobrimos titulares.
Para os que já assistiram 'Antes do Amanhecer' [e para os que não o viram, vejam, nem que seja só pra conhecer], o protagonista diz algo que ressoa muito dentro de mim. Essa idéia de se sentir um intruso na vida, como o penetra em uma festa. Ele relata se sentir assim com relação à vida e isso o liberta, pois sendo um intruso, ele se sente livre do protocolo. Trocando em miúdos chulos: fudido, fudido e meio.
Mas fora a noção de liberdade para ser o que vier fora dos moldes por não estar inserido na 'festa', a sensação de intruso é algo que merece uma considerável reflexão...
Apesar dessa idéia de sermos protagonistas de nossas próprias vidas, por vezes nos sentimos nela meros coadjuvantes, secundários, não pertencentes, quase intrusos. Isso nos fere o orgulho e pode trazer muito sofrimento. O sofrimento maior, contudo, vem da insistência em negarmos quando um lugar por nós ocupado não é nosso de fato. Pode ser de outros, ou mesmo de ninguém. Independente disso, contudo, por vezes não é nosso. E quando não o é, não há muito a ser feito. Basta aceitar, se conformar. E conformismo é algo que dói, pois nos passa a impressão de estarmos traindo algum ideal, o conformismo faz nos vermos como desertores, desistentes, fracos. No entanto, o momento em que precisamos de mais força é esse, quando nos vemos numa situação em que, de fato, fazemos o papel daquele que apenas esquenta o banco enquanto o titular não entra em campo para assumir o lugar que é dele e não nosso. Estar nessa condição de 'aquecer o banco' é passível de negação. É uma questão de escolha. Nós percebemos, na maioria das vezes, quando o lugar não é nosso, quando nos damos o direito a um mínimo de auto-honestidade para aceitarmos tal fato, ao invés de tentar negar e nos cegarmos para a realidade, por ser essa demasiadamente dolorosa. De todo modo, entretanto, podemos, ao nos darmos conta dessa condição de intrusos, nos negarmos a ela e abandonarmos o jogo.
Ser intruso dói. Nos sentimos abandonados, solitários, deslocados, sem chão, sem teto, sem colo, sem vida. Encarar essa cascata de sensações de abandono nos apavora. Muitas vezes por esse pavor criamos mecanismos de negação e nos iludimos, criamos castelos de fantasia de um mundo que não nos pertence. O que normalmente ignoramos é o fato de haver um mundo ao qual pertencemos, mesmo que o fantasioso por nós criado não nos seja viável. Ao nos prendermos a essas ilusões, nesses bancos de reserva, nesse lugar que não é nosso, perdemos a chance de descobrirmos o nosso real lugar, de sermos plenos, titulares, de vivermos de fato algo que possamos chamar 'real', nosso, próprio.
É difícil, eu sei, quando nos enredamos numa situação ou numa relação na qual nos envolvemos de tal modo que parece difícil e por vezes impossível acreditar na possibilidade daquele não ser nosso lugar. De, apesar de intenso e aparentemente completo, sermos, naquela situação, meramente passageiros. De cumprimos nosso papel, mas o nosso papel de fato não ser lá. E esse papel ser, quiçá, de outro.
Mas como dizia um grande professor, mestre, a quem muito devo, do ensino médio, "A vida não é fácil". Ou ainda citando nosso digníssimo vilão da infância, Scar, "A vida não é justa, não é mesmo?"
Diante do maior tombo, é preciso força para nos levantarmos...
E o que é a vida senão essa seqüência de tombos? Uma constante convocação a nos levantarmos?
E só encontramos nosso lugar na vida se estivermos de pé para procurá-lo.
Ele deve existir. Nisso até eu tenho fé.
Nos resta coragem para continuar procurando...
E nos arriscarmos a esquentar alguns bancos no meio do caminho, se assim o for.
Com uma boa dose de sorte, nos descobrimos titulares.
terça-feira, 1 de março de 2011
oirártnoc oa
Mais uma [dose? não] vez eu não faço idéia de por onde começar ou sobre o que escrever...mas existem muitos, infinitos, vários, zilhões de pensamentos que vieram se debatendo há tempos e eu acho que também pelo meu abandono com esse veículo eu precisava revisitar o blog...escrever um pouco...sobre algo...mesmo que não seja sobre nada.
Tá aí, escreverei sobre nada..ou quem sabe sobre o escrever sobre nada...e não me refiro ao nada dos existencialistas, esse conceito complexo e mil vezes estudado...não, caro leitor. Se ainda não percebeu, releia o blog inteiro, caso tenha tempo ou um pingo de disposição...meu objetivo aqui não é nenhum vômito de cunho academicista...
Meus textos são crus...limpos...não, na verdade são sujos. Sujeira minha, sujeira do mundo, sujeira dos outros...a que nos pega, a que passamos...a que temos e na qual existimos...
Não, sem rebuscamentos demais, sem grandes pretenções...apenas para aliviar a pressão - que o feijão já está quase pronto pro almoço..hmmmmmmm...
Escrever é algo que liberta...e o blog, por vezes, mais que qualquer diário privado que eu tenha..e tenho vários, pois vários são meus pensamentos, minhas confissões...mas o eu aqui não importa
Quem manda nessa joça aqui não sou eu, é o texto, são as palavras...tão delas, tão próprias, tão livres e tão belas...e talvez por isso escrever aqui me torne tão leve, me liberte tanto...
O texto que aqui sai me liberta de mim mesmo...uso o veículo para ser mero veículo do veículo das idéias pensadas: a palavra. Digo as idéias pensadas, porque as sentidas são melhores expressas no gesto, no silêncio...
E cabe ao texto exprimir o que lhe é prórpio: idéias
Mesmo que a idéia [aparentemente] não exista. Mesmo que não exista nada. Escrever é [im]preciso. Viver também o é.
Assim como os textos e as palavras e as idéias e os 'sentires' e os pensares, a vida tem seus próprios caminhos, suas próprias vontades..a vida tem vida própria
Tanto que por vezes sentimos essa impressão estranha das nossas vidas não caberem em nós mesmos..de ser muito, de ser mais..."much muchier", para os que conhecem a referência.
Sem pontos de vista, sem contra-ponto, sem grandes argumentações
Escrevo por que quero
Escrevo por tesão [e as coisas da vida assim não deveriam ser movidas, por tesão? Ah, que bom seria...]
Talvez escrevo para aliviar o peso da rocha que se torna a vida quando o peso etéreo do abstrato não se comporta mais no que se diz concreto....
Talvez
quem sabe...
Tá aí, escreverei sobre nada..ou quem sabe sobre o escrever sobre nada...e não me refiro ao nada dos existencialistas, esse conceito complexo e mil vezes estudado...não, caro leitor. Se ainda não percebeu, releia o blog inteiro, caso tenha tempo ou um pingo de disposição...meu objetivo aqui não é nenhum vômito de cunho academicista...
Meus textos são crus...limpos...não, na verdade são sujos. Sujeira minha, sujeira do mundo, sujeira dos outros...a que nos pega, a que passamos...a que temos e na qual existimos...
Não, sem rebuscamentos demais, sem grandes pretenções...apenas para aliviar a pressão - que o feijão já está quase pronto pro almoço..hmmmmmmm...
Escrever é algo que liberta...e o blog, por vezes, mais que qualquer diário privado que eu tenha..e tenho vários, pois vários são meus pensamentos, minhas confissões...mas o eu aqui não importa
Quem manda nessa joça aqui não sou eu, é o texto, são as palavras...tão delas, tão próprias, tão livres e tão belas...e talvez por isso escrever aqui me torne tão leve, me liberte tanto...
O texto que aqui sai me liberta de mim mesmo...uso o veículo para ser mero veículo do veículo das idéias pensadas: a palavra. Digo as idéias pensadas, porque as sentidas são melhores expressas no gesto, no silêncio...
E cabe ao texto exprimir o que lhe é prórpio: idéias
Mesmo que a idéia [aparentemente] não exista. Mesmo que não exista nada. Escrever é [im]preciso. Viver também o é.
Assim como os textos e as palavras e as idéias e os 'sentires' e os pensares, a vida tem seus próprios caminhos, suas próprias vontades..a vida tem vida própria
Tanto que por vezes sentimos essa impressão estranha das nossas vidas não caberem em nós mesmos..de ser muito, de ser mais..."much muchier", para os que conhecem a referência.
Sem pontos de vista, sem contra-ponto, sem grandes argumentações
Escrevo por que quero
Escrevo por tesão [e as coisas da vida assim não deveriam ser movidas, por tesão? Ah, que bom seria...]
Talvez escrevo para aliviar o peso da rocha que se torna a vida quando o peso etéreo do abstrato não se comporta mais no que se diz concreto....
Talvez
quem sabe...
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