quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Desnecessário

Sim...              
                          N T A                                             C I O     
                     O              N                                     O          N
                M                       H                            M                   A
                                               A                     E                            L
         A                                           
    M                                            R            A           
U                                                     U S S      




Eu sei.

Mosaico de Dois

Sento-me à mesa e chamo a Beleza para unir-se a mim. A Beleza das cores, dos amores, dos personagens, amantes em segredo (que fazem dele o refúgio voluptuoso de suas almas), viventes, que existem em si pela poesia rica de ser e só.
Eu vejo um fim de tarde, de um sol de timidez tardia, alaranjando a azulada abóbada sobre nossos cabelos, soltos à rebeldia serena de uma brisa que vem e foge, sussurra e dança aos nossos ouvidos, nos chama um ao outro, para nos escondermos, fecharmos os olhos, deitarmos no chão, deitarmo-nos um no outro, entrelaçarmos os corpos, unirmos os olhos, sentirmo-nos na totalidade de ser um. Um pensamento, um segredo, um silêncio, um amor.


Mas qual a cor da beleza? Se eu pudesse nomeá-la, desenhá-la, como seria? Qual seria seu cheiro, que sabor teria? Seria jovem, seria senhora? Mulher, ou menina? Que beleza é essa que maquia o rosto do bom-dia de um lilás convidativo aos lençóis ainda sonolentos de nascer o sol, que resiste a acordar e se debruça no horizonte e fica, admira a Beleza em seus bocejos, a espreguiçar e massagear os cabelos de preguiça matinal, esfregar os olhos com um sorriso de alegria ingênua que vê no dia a esperança de se irradiar pelo mundo e se espalhar em cores, bailarina nas nuvens das calçadas. Dançarina hipnotizante, chama que convida a seus braços, a aquecer-lhe, com o calor da alma de quem chega à dança, as pontas dos dedos gelados que frescos como um dedilhar a pele da nuca de olhos cerrados num sorriso tímido.
A beleza num amor em dois, num mosaico de almas desse mosaico de textos, na complementaridade das diferenças, no colorido da mistura dos inusitados, semelhantes e distintos, individualmente coletivos, unidos na beleza de ser e viver as delícias, os sabores, as levezas e os pesos de sermos humanos e, estando em nós, sermos belos.

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Vórtice

Ódio


Sem qualquer motivo aparente ele vem. E sem outro a culpar eu culpo o cansaço. Ou o tédio? Ou talvez a sensação de não-rendimento adequado em relação às próprias expectativas. Ou que sabe de todas as cores, o branco? Enfim, ódio!


Quando a realidade ganha cheiro de sonho de expectador distante, onde tudo são zumbidos, o mercado de peixe de que se queixava a professorinha do fundamental em dia de muita conversa em sala de aula. Aquele zum-zum-zum irritante e desconexo aos ouvidos dos alheios aos microassuntos por muitas vezes vazios de sentido ou intenção, mas que ainda assim enchem seus interlocutores de interesse e suas vazias mentes simplórias de pó. De nada. E o coração dos terceiros de ódio, intolerância.


O ódio surge da intolerância ou este se origina daquele? [o ovo ou a galinha?]


A intolerância com o outro, consigo mesmo, com o meio externo. A intolerância com o próprio mundo interno, com o excesso de crítica de si para o mundo, do mundo para si, de si em si, com a irritante insistência em tocar a mesma nota fúnebre, esganiçada, estridente, persistente e intolerante. Esse ciclo vicioso, pantanoso, de aprisionamento desconexo do ser num mundo de absolutos, inflexível.


Ah a inflexibilidade paralisante [do ódio, da intolerância, do tédio, de além]! Essa inércia destrutiva e intrasponível, impossibilitadora, castrativa; essa colabagem de intenções vazias sobre o potencial criativo. O criativo castrado no cláustro das próprias impossibilidades, dos pessimimos, do ódio.


E torna a ele. Do ódio ao ódio. Do pó ao pó. E entre um pó e outro, o entusiasmo mágico da criação!


A criação de mais um regurgito desconexo. Do qual retorno ao pó e os aguardo na próxima desinércia!


E na inércia do fim deixo-o não dito!

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Controvérsia

Fútil.

Após uma introdução pretenciosamente reflexiva, um relato fútil.

O que nos segura? Digo, o que em NÓS MESMOS nos prende, nos impede de voar?

Depois de dias e dias a fio com afazeres até a ponta dos cabelos, hoje finalmente tive uma 'folga', um hiato para ser só meu, para eu fazer qualquer coisa que eu quisesse, para por em dia o que fosse possível, ler algo interessante, fazer algo interessante ou útil com o tempo livre disponibilizado e tão raro. Eu poderia utilizar esse tempo para, de uma forma ou de outra, investir em mim, já que o dia-a-dia consome todo o tempo disponível que eu teria para isso - e tornando o bom sono o único, e ainda assim raro, investimento concreto de mim para mim mesmo - mas no fim das contas a oportunidade acabou sendo gasta à toa...música, MSN, um fingido trabalhar sobre um afazer da faculdade, um texto vazio no blog recém-nascido, enfim, muita ocupação, pouca utilidade e, pelo menos aparentemente, poucos frutos futuros.

E por quê? Se existe o desejo consciente - no momento da falta de tempo - de agir, de construir, de investir; de onde vem, e com qual intenção, esse impulso paralisante e autodestrutivo de autoboicote? Uma espécie de preguiça, uma vontade quase consciente de deixar de fazer o que é preciso de propósito, o que motiva esse impulso?

Algumas possibilidades de resposta se esfumaçam na minha cabeça, mas como diriam os irmãos Wachowski - ou os autores das obras que os inspiraram : "é a pergunta que nos motiva". E é com essas interrogações reticentes que eu termino essa futilidade toda - e a talvez completa inutilidade desse texto romanticamente egocêntrico.

Se bem que vômitos como esse não existem por utilidade, eles existem em si - e talvez por isso eu os considere fúteis.

Enfim...

De todo modo, até breve!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Episódio Piloto

Qual é essa de ter um Blog?

Eu lembro que da primeira vez que ouvi falar disso me pareceu muito coisa de adolescente perdido com mania de ser tecnológico: "Ó, agora eu tenho um diário digital. Mundo, olhe para mim!"

É incrível como a gente pode ser preconceituoso, né? Com o tempo eu fui apresentado a alguns trabalhos muito interessantes, inclusive de amigos próximos. Eles me fizeram enxergar o mundo Bloggeiro como um veículo de exposição de idéias, de divulgação de pontos de vista diferentes...

Mas e eu, sobre o que vou escrever? Vou expor meu cotidiano? Vou fazer do meu Blog um Twitter com mais caracteres? Vou tentar mudar o mundo com as minhas idéias (E será que elas chegam à metade da competência para tal feito?? Duvido muito)? "E agora, José? E agora, você?"

A resposta óbvia: ainda não sei...o título da página fala por si.

E falando em título (digressão, aí vou eu), acho que um bom modo de começar é explicar o endereço do blog. Piloto manual??? Como assim, por exemplo?

Pois é, a idéia é razoavelmente simples. Eu parto do pressuposto que, fora os momentos raros de reflexão, nós vivemos num grande piloto automático para tudo, sem questionamentos, sem parar para pensar no que estamos fazendo ou no que estamos pensando. E assim levamos a vida, seguindo um caminho desconhecido e confiando no piloto automático! Ôpa, peraí, como é que eu tomo um trajeto desconhecido e confio num piloto automático? Como eu não posso ter noção de destino ou de trajeto? E se o caminho escolhido não é adequado para mim ou para você? E qual é o SEU caminho?? Não o que a sua família ditou para você ou o que seus vizinhos esperam que você siga. O SEU próprio, aquele que dá vontade de seguir, mas falta uma dose de coragem.

Lendo um pouco (infelizmente, bem pouco) sobre o movimento Punk (o que eu recomendo a todos, até para perder o preconceito de que o movimento é coisa de adolescente retardado e revoltado com a vida), e convivendo com algumas pessoas muito especiais, eu comecei a me questionar mais sobre essa idéia de tomar as rédeas da própria vida, da própria mente. Esse "pilotem suas próprias cabeças", ser discípulo de si (endereço, inclusive de um dos blogs que eu andei lendo e que me fizeram mudar minha concepção sobre o veículo), e não dos outros. Ler e ouvir idéias e questioná-las, independente de quão confiável seja a fonte, pois nada é mais confiável que o nosso próprio senso crítico, pois ele é nosso e as coisas devem fazer sentido para nós mesmos, não para os outros. E se estivermos errados? Se estivermos, estamos. A vida é dinâmica. Esse dinamismo torna o erro compatível com a vida. Somos um processo. Ou melhor, estamos, não somos. O 'ser' pode ser considerado como uma análise temporal e extensa de uma sequência de vários estados, como etapas de um processo.

Enfim, a intenção está prestes a se perder na prolixidade. E esse é um vício contra o qual eu lutarei sempre nesse blog - e já sei que serei falho diversas vezes. Mas por hora, paremos onde estamos. A idéia é introduzir e questionar. E o resto? O resto vem com o tempo.

Muito Prazer!

E bem vindos ao meu mundo. Ao nosso mundo. Ao mundo!