quinta-feira, 14 de outubro de 2010

MotivAção

Ultimamente eu ando pensando muito entre a relação significado e capacidade de ação. O início do raciocínio partiu de um pressuposto simples: eu sempre fui muito preguiçoso com quase tudo, apesar de ter realizado alguns feitos que exigem muita dedicação. Esta, no entanto, sempre foi muito penosa e desgastante e isso acabava me trazendo uma sensação de falta, como se a conquista não tivesse pago todo o esorço empregado no feito.

Com o vestibular foi assim. Grande esforço motivado por uma 'luz no fim do túnel' que se mostrou menos brilhante do que parecia à distância. Depois os primeiros meses de faculdade. Toda a expectativa de encontrar significância nos estudos foi por água a baixo. Tudo parecia muito chato, muito diferente daquilo que 'me prometiam' - não que alguém fizesse alguma promessa de fato, mas todas as vezes que um vestibulando de medicina gastava tardes de domingo estudando geografia, criava-se aquela esperança "não, eu tô fazendo isso pra no futuro só estudar aquilo que eu gosto!". Doce ilusão. E o pior é que aumenta a impressão de desmotivação e insignificância do estudo ao longo do curso. O que antes se mostrava, no cursinho, como um hercúelo acúmulo de conhecimentos e reflexões diversas para que nós, então vestibulandos, respondêssemos às expectativas da universidade em nos apresentarmos como cidadãos reflexivos, com bom conhecimento de mundo, capazes de cumprir com esmero o posto de 'formadores de opnião', se transformava num penoso decorar dados sem conexão lógica com a prática profissional futura e sem qualquer abertura à reflexão. Isso cria uma sensação desoladora de desmotivação em nós, alunos.

Esse funesto cenário começou a mudar com as visitas ao Hospital Universitário. As primeiras visitas foram muito interessanes como experiências, mas se limitava aí. As últimas, principalmente aquelas em que eu tive contato com os recém chegados das ambulâncias, pacientes que se encontravam em alto grau de sensibilização, medo e fragilidade, me trouxeram grandes reflexões posteriores. Me trouxeram, acia de tudo, significado e motivação com a profissão. A sensação de identificação e encaixe, enquadramento em uma situação é algo que precisa sr vivido para ser plenamente compreendido. E isso é o que realmente rege as ações, retira delas o peso e a penúria que nos faz questionar o valor do esforço após asconquistas. É como se osabor da conquista estivesse sempre ali, em cada afazer, em cada passo do percurso. É quando você passa a aproveitar as transições de paisagens no caminho para a praia, quando passa a aproveitar cada oscilação rumo ao orgasmo. O trajeto se torna o objetivo. Um pequeno porém rico objetivo de cada vez umo ao objetivo maior, que se torna apenas a soma dos anteriores. Essa noção é o que motiva a ação. star no HU me fez, pela primeira vez desde que começou o curso, querer estudar de novo. E isso me trouxe esperanças na luta contra a inércia paralisante já citada nesse Blog.

A primeira expriência teve muito valor. Mas ainda há a expectativa das próximas. Dentro e fora do Hospital. Essa motivação que nos faz sentir modeladores da realidade que nos cerca, criadores de ambientes capacitadores ao invés de castradores. Estar do outro lado do Jaleco, do Balcão, da Vida.

Eu me desejo sorte para poder ter esses 'inputs' de alimentação mais vezes com mais frequência. E espero mais. Que outras - e cada vez mais - pessoas tenham acesso a essa experiência.

Até a vista!

2 comentários:

  1. hercúelo acúmulo...uehuehuhe mto bom!
    Ameei o post! Quase n me identifiquei..uehuehueheuheuheu
    Keep doing the great work Seve!
    ;** Mel

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  2. "algo que precisa sr vivido para ser plenamente compreendido." acho que isso que motivou o mochilão do fósforo. o que ele vivia e lutava dentro da universidade não fazia sentido se ele não tinha vivido aquilo, ou pelo menos ter contato direto com tais ou quais coisas, situações, pessoas..

    tomara que além do HU, seus olhos da alma (alma-leia: vontade) consigam ver, olhar além..
    como o brilho nos olhos com informações em ônibus de volta a "rotina" ^^

    como eu ouvi numa peça e em algumas outras bocas: "somos condenados a liberdade" certo?
    paciência ^^ o jeito é tentar voar mesmo tendo todas essas podas..

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