quinta-feira, 2 de junho de 2011

Imperfecto

Da incompleta incompetência nasce o filho dessa dor de ser imperfeito
incompleto

falho

a falta que a falha traz
que me faz sentir falta de mim mesmo

a angústia de ser em dor
os braços cruzados sobre  estômago a segurar a dor
a reter o rebento do escuro
esse amargo ser vazio
que brota e cresce dentro de mim
imperfeito

chega de falhas
chega de falhas

Eu não aguento mais!
Chega!

Essa vontade ininterrupta de sair de correr de pular de morrer de fluir de nadar de nada
de largar tudo

ir embora
sem vez
nem explicação

esse desejo pelos pedais e pelos pneus
a girar pela estrada
arrancando-me das pernas toda a vida que se esvai em dor e agonia ao andar, pelo dia, nas ruas, na vida.

Onde é que vamos parar afinal?
Pra quê tudo isso?

As perguntas só aumentam
o ódio cresce
a angústia vai ganhando corpo
e ganhando corpo
e ganhando corpo

toma conta de tudo
mancha minhas palavras
marca a folha
mancha a tinha de folhas escuras
de confusão

perde o sentido das coisas
tudo se perde
e perdido
nada

tudo
tudo se contorce
tudo se distorce
tudo cresce e se transforma
disforma
esse câncer que escorre pelas minhas estranhas
vaza pelos meus poros
de um negro fedorento
asqueiroso
nojento

tudo longe
tudo distorção
dessa mente doentia que busca curas
vias
soluções
e se perde em seus caminhos
em dúvidas
em medos
angústias
fugas
e dor

correr correr correr correr correr correr correr correr correr correr correr correr

pra onde?

pra longe...

pra fora dessa imperfeição toda
pra longe desse erro
pra fora dessa vida

não dá!
a quem eu quero enganar?

essa vida
todo dia
esse engano

essa mentira
esse personagem
esse quero-ser

isso tudo não existe!
é tudo coisa da sua cabeça


é tudo coisa da sua cabeça...


é tudo coisa da sua cabeça...


...

Um comentário:

  1. eu amo seus posts!

    que vontade de ter pra mim isso que está escrito aí em cima..

    se eu dissesse que compreendo, você acreditaria?

    essa vontade, esse desejo, de não mais ser isso.
    ser outra, ser nada.

    zerar

    apertar o RESET

    só a música me salva.. me resgata, me dá colo, me dá a mão, me acaricia, me dá bronca, compreende....

    nessas horas, só ela.
    mais nada, nem ninguém.

    mesmo assim..
    depois que ela acaba........

    seu post diz muito.
    e diz muito.
    muito

    "é muita coisa"

    quando se entra nesse bolo.. é difícil sair..
    como estar e não se contaminar o que nos é vital? como fugir disso sem fugir de si? pensar enlouquece nessa vida feita para não se pensar......

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