terça-feira, 9 de agosto de 2011

Polêmico

Não, não falarei de mamilos.

Mas expressarei aqui uma opinião muito pessoal e que pode ofender outras pessoas e outros credos. Por isso, antes de me expressar, eu gostaria de explicitar a natureza do que será escrito. Estou relatando uma concepção pessoal, produto de experiências próprias e não necessariamente aplicadas a outras pessoas e, muito menos, a todos. Esse meu relato, essa minha opinião, é o relato de uma impressão que eu tive através das minhas vivências e percepções próprias ao longo da minha vida. Vivências e percepções são coisas muito pessoais e, ao meu ver, um tanto quanto intransferíveis. Portanto não quero, com o que vou dizer, diminuir ou menosprezar outros credos ou concepções de mundo. A cada qual aquela que mais se adequa à sua vida e se encaixa melhor em seu cotidiano, seu próprio mosaico de vivências e experimentações. Como cada experiência é fruto de elementos tão pessoais e, de certa forma, intransferíveis, isso valida todas as concepções e, ao mesmo tempo, impossibilita que quaisquer uma delas se proclame com o título de "Verdade" como algo universal e transferível.

Sobre religiosidade, ou melhor dizendo, sobre o contato com o absoluto, seja este absoluto tudo, ou simplesmente, "o grande nada", como ouso me apropriar de termos outros, que não meus; aquilo que realmente traz significado e sentimento de unificação com o todo existencial. Para mim, essa experiência não se dá através de quaisquer religiões, inclusive a essa nova, criada e arbitrariamente considerada soberana perante as demais, a chamada ciência, tão arbitrária e passível de ser relativizada quanto qualquer outro credo, desde que se parta do pressuposto da inexistência daquilo que se possa chamar "coisa em si" - proclamado objeto de estudo da ciência - e sim várias e individuais "percepções das coisas", que depende dos nossos sentidos, ou algo talvez ainda menos confiável, por trazer a ilusão da certeza, da nossa vangloriada "capacidade de raciocínio".

O que me aproxima do dito "uno universal" é aquilo a que se atribui à transcendente e impalpável premissa primeira de todas as outras, a criação. O ato de criar me tem um componente divino que nenhuma outra sensação ou experiência me traz. Algo de singularidade tão notável que não se pode resumir à simples sensação de prazer, mas algo que tange uma serenidade e comunhão com o todo que nos cerca, seja esse todo realmente externo ou mera projeção do nosso próprio interior.

Dentro dessa concepção, para mim, o verdadeiro religare é encontrado antes na arte do que em qualquer outro templo. E por arte eu concebo tudo aquilo que requer criação, ou outro tipo de princípio criativo [música, poesia, prosa, cozinha, idéias, invenções, ou tudo aquilo que traz ao indivíduo a sensação de um fluxo contínuo entre o trinômio pensamento-sensação-ação]. Desde a concepção do que hoje consideramos "obras de arte" até as coisas mais simples como o novo conceber de uma ideia, que não deixa de ser também criação.

Se existe algo que se possa chamar Deus, isso eu não sei. E não acho essa concepção de todo fundamental, ao passo que, se sua existência - ou inexistência - um dia se comprovar de alguma forma - se é que isso será algum dia de fato necessário - esse dia está longe e hoje estamos ainda mais distantes de concebermos tal complexidade.

Não tenho certeza alguma da existência de um Artista. Mas ressoa em mim a crença na existência da Arte - que se reflete em cada canto desse mundo, material ou não - e da criação por detrás dela. Não a entidade que cria o objeto, mas o ato da criação.

3 comentários:

  1. Que alegria te ver escrevendo de novo cara! Eu preciso reativar o motor criativo pra voltar a escrever também. E parabéns pelo texto, consegui entender o que voce quis dizer. Pra resumir o primeiro parágrafo voce podia usar guimarães: "o sentimento é do sentente"; quanto ao ato criativo, realmente, parece o unico momento em que há algum sentido objetivo na existência. Não teria conseguido definir melhor a sensação descrita, quase um sentimento de destino cumprido quando criamos.

    Abraço

    Neto

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  2. "destino" e "criação" isso meio que ficou um tanto quanto conflituoso em relação as relações que se fazem na minha cabeça sobre o comentário acima..

    enfim...

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  3. Apesar de isso realmente depender de um retorno do Neto, acho que ele quis dizer da sensação de estar inserido em algo [por isso a ideia de destino] quando participamos de algum processo criativo...mas aí teria que perguntar a ele mesmo.
    Qualquer coisa, sempre existe o facebook ;)

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