quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Frio

E sentiu seu corpo todo ser tomado por um súbito turbilhão...seus ossos debatendo-se contra sua carne, arrancava-lho arrepios fúnebres, agouros do sofrimento atros....debatiam-se os ossos uns contra os outros...as partes de seu corpo agitavam-se como quem quer sair, se desagregar, se desintegrar, não mais ser, não mais sentir, não mais nada....
Não queria nada...sentiu de repente uma não-vontade...não havia nada que o mundo lhe ofertasse...nada...

Nada lhe tiraria das entranhas aquela gélida sensação de solidão. O desamparo tomava conta pouco a pouco dos seus poros, dos seus pelos, cabelos...tudo se eriçava numa só onda de desespero...

Tudo era nada naquele momento.

Apertou as mãos como quem busca vida dentro de si...sentiu senão o frio correndo dentro das veias...A vida por instantes esvaía-se. Morria, parte de si...como se naquele exato momento fizesse a gélida travessia...pegava o barco sem moedas nos olhos....uma instantânea viagem sem volta, da qual mal fizera, já sentia saudades...

A única remanescência era o frio...
Nem vida, nem Vontade, nem desejos, nem o que se poderia chamar dor, medo ou receio

Apenas o frio

A esvair-lhe tudo naquele momento

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