sábado, 3 de dezembro de 2011

Diálogos

Às vezes a cegueira nos assusta
A cegueira do outro
A nossa sobre nós mesmos

E talvez a nossa cegueira assuste ao outro

O escuro sempre foi palco para os medos
os monstros 
de baixo da cama
por trás da porta
de dentro do armário

tantas coisas que nos amedrontam
que nos apavoram
e que magicamente somem

ao dedilhar do interruptor
e a mágica presença da lâmpada
em sorrisos de esclarecimento
amanhecendo as cores do quarto

mostrando atrás da porta,a parede
dentro do armário, roupas
debaixo da cama, chão
quando muito, bola, meia, peão

Às vezes sentimos o outro ausente
sentimo-no no escuro
sentimos-nos no escuro
fora dos campos de visão

Nesse esconde-esconde a gente "brinca"
"minha vez"
"sua vez"
"tá com você"
"1,2,3 fulano"

"não vale, me dedaram"

e assim as coisas vão...

para ver é preciso ser visto
pelo outro
por si mesmo

para ver é preciso tato
por vezes antes mãos do que olhos

mais que um par de olhos
ou par de mãos
par de almas
dois irmãos

cúmplices
mesmo perto
fora do alcance de visão

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