segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

In Completo

Tentou se distrair..buscou no dia tudo o que dele podia ser colhido

de tudo, colheu abraços, lágrimas, ouvidos palavras

e dor

muita dor

o amanhecer lhe arrancava a vida do peito, lhe arrancava tudo na certeza da dor que viria lhe dilacerar, todos os dias

o corpo
o peito
a alma

sabia que seriam o amanhecer e o fim do dia. Sabia que seriam seus melhores aliados...seus mais frios algozes.....os momentos em que as distrações sessariam...a fuga sessaria....e tudo o que lhe restava era se deparar com a ausência....a ausência de si somada à ausência do outro....

O quarto enfim de portas abertas parecia-lhe imenso diante da ausência de sua convidada favorita....que não voltaria...que viveria outras coisas, outras vidas, outros amores, não mais o seu...

temia pelo "nunca mais"
temia a morte
a finitude irreversível

se recusava a ela
e às possibilidades

não queria alternativas
não queria dor
não queria outras
outro amor

queria apenas que tivesse dado certo

queria seu pior não ser pior que o alheio

queria muito

queria tudo

sobretudo, não queria a dor

queria despertar

como se de um pesadelo horrível

que ele sabia...era sua mais pura e nova realidade

a invariável viagem sem volta rumo ao vazio

o que encontraria lá dentro? Nunca quis saber, na verdade...

Não existe mais opção

Não existe mais volta

Sua sorte estava enfim lançada

Sem saber mais do futuro

Sabia apenas a funesta dor do agora

a dor do não

o não do outro.

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